2010-02-01
São portugueses e são loucos. Os AbztraQt Sir Q são também um dos projectos mais excitantes da música nacional. Sem ligar a convencionalismos, um "baterista pedante", um "baixista esquivo, um "guitarrista neurótico" e uma "vocalista exibicionista" fazem a festa em dez tempos, discorrendo apopléticas melodias acompanhadas devidamente por uma voz que vai do registo mais harmonioso ao mais esganiçado em questão de segundos. Ruído, experimentação, rock esgalhado à moda de uns Sonic Youth, leves apontamentos jazz, sensualidades mal engomadas e resquícios de uma identidade nacional que consegue não se perder totalmente por vielas tão labirínticas... Está tudo aqui.
Mário Rui Vieira
2009-03-11
Música abztraQta:
Atenção, que esta banda não é deste mundo. É por isso que soa tão estranho o seu som. Apesar das ferramentas serem tão banais e terráqueas quanto baixo, bateria, guitarra e voz. A construção de dilectos dialectos e assombrosas performances denuncia a sua origem. E envolvem-nos na sua energia galáctica. Ou talvez, apesar de não serem deste mundo, os AbztraQt Sir Q, que lançam agora Qorn Pop Garden, sejam deste planeta. (…) Uma componente cénica exagera os trejeitos melodramáticos da vocalista-actriz, enquanto os outros se entretêm em diversões musicais. Um espectáculo total, não no sentido operático do rock sinfónico, mas de modo pragmático e sentido.
M.H.
2008-12-26
Neste teatro pop com princípio, meio e fim -mas, parafraseando Godard, não necessariamente por essa ordem -, os AbztraQt Sir Q são muitas coisas ao mesmo tempo (ouvem-se guitarras blues, desvios jazzy, harmonias pop, vaudeville alucinado, tumultos punk) mas nenhuma dessas coisas decladaramente.
Cada canção apresenta um guião cuidadosamente elaborado e os AbztraQt Sir Q têm a virtude de o fazer soar espontâneo -como se as canções se materializassem no preciso momento em que as ouvimos.
Mário Lopes
2008-12-21
Serão os Abztraqt Sir Q um dos segredos mais bem guardados da música portuguesa? A julgar pelo novo disco, Qorn Pop Garden, somos capazes de jurar que sim. Este é um disco com imaginação de sobra, experimentação que baste e muitas canções irrequietas, daquelas que apetece agarrar e ouvir várias vezes. Isto é, brinda-nos (à falta de melhor termo) com excelente música pop de "vanguarda", simples e complexa, densa e leve. Com riffs poderosos, breaks e stacattos inesperados, humor, melodias de embalar. E referências que vão dos Deerhoof e dos Boredoms aos B-52's e às The Raincoats.
José Marmeleira